Acredito que todos temos uma missão de vida e nem sempre a conhecemos. Por vezes o destino, ou Universo, encarrega-se de nos levar até ela. É o que chamo ser o caminho que te escolhe em vez de seres tu a escolher o caminho.
E foi o meu caso!

O livro “Muitas vidas, muitos mestres” de Dr Brian Weiss foi o grande responsável pelo que faço hoje.
Há uns 20 anos atras, li-o e pensei: um dia vou aprender a fazer hipnose.
E, passados 12 anos, fui aprender hipnose terapêutica. Só para saber, sem qualquer intenção de praticar. Foi mais de um ano, dias inteiros a aprender, dias inteiros a treinar, dias inteiros a praticar e a estudar para passar no exame final e ter a credenciação.
No entanto, fui das únicas pessoas do curso que nunca pretendeu exercer, até porque tinha uma atividade profissional confortável e não me passava pela cabeça mudar de área.

Se não escolhes o caminho é ele que te escolhe

Para mim, era apenas mais um curso que me traria saberes novos, como tantos outros que realizei. Apenas para ter novas ferramentas que me ajudassem a compreender o mundo e a mim própria.
Recordo-me da formadora comentar no último dia “Que pena se não exercer, perde-se uma ótima terapeuta”.
Confesso que fiquei lisonjeada, mas não dei grande importância.

E, passado este tempo aqui estou eu, não só a fazer hipnoterapia como também especializada em Hypnobirthing ou Hipnoparto.
Esta é a beleza da vida, quando não escolhes o caminho é ele que te escolhe.
Eu sou a prova disso!
E assim foi. Fui praticando a hipnose com amigos, que indicaram a outros amigos e que falaram de mim a outros amigos.
Cada sessão era uma descoberta e uma realização pessoal. Mesmo passadas muitas sessões ainda ficava espantada com os resultados provocados pela hipnose. Quando me pediam ajuda sentia que era quase “criminoso” não o fazer e lá fui fazendo cada vez mais sessões.

A primeira grávida

Até que um dia uma grávida me pediu ajuda. Estava profundamente traumatizada pelo parto anterior e cheia de medo desta gravidez.
No curso de Hipnose tínhamos falado sobre Hypnobirthing mas confesso que o tema não me despertou qualquer interesse. Até porque eu própria tinha tido um parto traumatizante e nem sequer gostava do tema.

Mas, para ajudar esta grávida, não podia utilizar as técnicas de trauma que tinha aprendido pois não se podem usar quando há um bebé na barriga da mãe.

Então, como poderia ajudar esta grávida?
Lá fui buscar as notas sobre Hypnobirthing e ler tudo o que estava ao meu alcance para adaptar aos meus parcos conhecimentos sobre o assunto.
E não é que resultou?
Incrédula, e achando que foi sorte (santa inocência) dei o caso por encerrado após o nascimento deste bebé.

Pura sorte!

Até ser contactada por outra grávida que trazia, novos medos e crenças que a impediam de viver a gravidez com tranquilidade.
E lá se repete todo o processo, ler, investigar, estudar, perceber como funcionava o parto e o Hypnobirthing.

E não é que resultou também?
E não é que estas grávidas me trazem novas grávidas e suas amigas e, quando dei por mim, tinha criado uma serie de técnicas para os vários contextos e que traziam resultados surpreendentes.
Mas, sempre achando, que não sabia o suficiente sobre esta matéria e era “pura sorte”.
Uma das grávidas marcou-me profundamente quando me disse que sem este acompanhamento não teria conseguido ter a experiencia maravilhosa de parto que teve, após o seu parto traumático anterior.

A ficha caiu

Fi aí que “a ficha caiu” e percebi o quanto a minha intervenção tinha mudado as vidas destas mães e destes bebés.

Só aí entendi a responsabilidade do que fazia.
Na altura era ainda uma atividade complementar, sem grande investimento de tempo da minha parte, pois encaixava as sessões entre os outros afazeres. Era algo que ia fazendo porque não tinha coragem de recusar, porque era útil e até gostava de fazer.

A minha história seria muito mais bonita se vos dissesse que sempre soube que era esta a minha missão de vida, mas não seria verdadeira
A verdade é que não fazia a mínima ideia de que o Hypnobirthing existia, nem era um tema que me interessasse pois a grávida ferida que estava em mim, nem sequer queria olhar para este tema.

Foi um despertar subtil, leve, lento… talvez para não me assustar.
Nem me apercebi do quanto estava a gostar destes acompanhamentos mas, com o passar do tempo, já faziam parte da minha vida.
E tudo foi acontecendo naturalmente, fui contactada por Centros de Partos que queriam saber o que era o Hypnobirthing e comecei a falar mais sobre o assunto.
Esta fase trouxe-me uma grande responsabilidade pois continuava a achar que não sabia o suficiente sobre esta matéria e poderia defraudar quem confiava em mim.

Rumo a Londres

Continuava a pensar que os bons resultados obtidos eram fruto de boa vontade e muita sorte.
E a insegurança tomou conta de mim.
Foi ela que me levou a Londres fazer a formação KGH e aprender mais sobre Hypnobirthing. E lá fui fazer a formação que me deu muita informação sobre anatomia e fisiologia do parto. Era uma parte que me fazia falta e ajudou muito a minha formação. Com este curso percebi também que as técnicas que tinha criado para as “minhas” grávidas portuguesas estavam alinhadas e corretas.
Mas percebi também que esta formação não poderia ser aplicada em Portugal pois temos praticas e condições de parto diferentes. Levou-me a ajustar os novos saberes com a realidade portuguesa e a minha pratica como hipnoterapeuta.

Do nada, algumas revistas descobriram-me e pediram para partilhar a minha experiência, escrevi vários artigos e fui a várias palestras, divulgando o Hypnobirthing em Portugal. Cada vez aprendia mais e divulgava mais este método maravilhoso e virou um circulo vicioso: quanto s mais resultados tinha, mais aprendia e mais divulgava.

Resultados, aprendizagem, divulgação

E finalmente percebi que esta era muito mais de que uma atividade: era uma missão. Foi aí quem criei um nome, um logotipo, um site, as páginas das redes sociais e assumi que esta era a minha paixão.

Percebi também que existe mundo fora de Lisboa e criei, muito antes da pandemia, um acompanhamento online.
Chegou a Pandemia e, preocupada com todas as grávidas, criei um acompanhamento gratuito online, que tenho ainda hoje.

E foi nesta altura que percebi que todos os pontos se alinharam e todos os passos me trouxeram até aqui.

Grávidas de Portugal inteiro procuraram-me para acompanhamentos online. Trabalhei muito, muito mesmo, mas estava muito muito feliz.

Acreditar e fazer a nossa parte

Nunca nenhuma grávida ficou sem apoio, quer pudesse pagar por ele ou não.
Era, e é ainda, ponto de honra, nenhuma mãe fica sem apoio por não ter dinheiro para comprar o curso. Não divulgo porque fazer o que é certo é uma obrigação e não uma ação de marketing. É algo que faço quando é necessário e sempre que me é possível.

Isto tudo faz-me acreditar que o caminho está traçado e todos nós temos a nossa missão, mesmo que não a conheçamos.

Todos temos um papel no mundo, basta acreditar, estar atenta e fazer a nossa parte.
Eu só descobri o meu depois dos 50 anos.
E, agora que a conheço, posso afirmar: que bonita que é a missão que o destino escolheu para mim!

Obrigada!

Fonte imagem: https://www.vaticannews.va/pt